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O pé possui 26 ossos,
2 sesamóides, 114 ligamentos e 20 músculos. Todas essas partes estão
interligadas através de tecidos conjuntivos, vasos sangüíneos e nervos, sendo
todo esse complexo revestido por camadas de pele. Quando sadios, os pés garantem
a sustentação e o deslocamento de nosso corpo, suportando cargas enormes durante
o caminhar, a corrida e o salto sem qualquer dor ou desconforto.
A estrutura do pé infantil é bastante frágil. Ao nascer, as deformidades dos pés estão relacionadas à posição intra-uterina forçada. Apenas algumas pequenas porções do esqueleto do pé e tornozelo estão ossificadas, sendo que sua maior parte é constituída por cartilagem. Até os oitos meses de idade os ossos são relativamente largos e de contornos arredondados. O bebê passa a maior parte do tempo deitado, e nessa fase é aconselhável que esteja descalço em casa ou quando a temperatura ambiente permite.
A ossificação vai ter
lugar até os seis anos de idade, quando atinge forma semelhante ao adulto. A
formação final tem lugar entre os 14 e 20 anos.
As crianças até 2 anos devem
ser estimuladas a andarem descalças para exercitarem a musculatura de seus
pés.
2- USO DE
CALÇADOS INFANTIS:
O estudo do pé infantil tem sido uma
preocupação para algumas marcas de calçado infantil, porque o uso de calçado
inadequado pode provocar deformações permanentes.
O calçado deve ajustar-se
corretamente no comprimento e na largura, acomodando os dedos em posição
natural, permitindo os movimentos do pé. Deve existir um pequeno espaço na
frente.
Escolha o tamanho de modo que entre a ponta do calçado e as pontas
dos dedos haja pelo menos de 1,0 a 1,5 centímetros (uma polpa digital), para
acompanhar o deslocamento do pé ao caminhar. É muito importante que os calçados
tenham a forma dos pés e não que os pés se deformem para caberem nos calçados.
Está demonstrado, sem sombra de dúvidas, que calçados apertados e pequenos
causam deformidades nos pés.
A forma deve ter um bom
encaixe do calcanhar para segurar o pé dentro do calçado, evitando fricções. Os
ligamentos são bastante frouxos e elásticos, fazendo com que os pés tenham uma
mobilidade e flexibilidade muito grande. A criança que já caminha precisa de uma
sola um pouco mais grossa, firme e um tanto flexível para que ela possa sentir
as irregularidades do chão.
A sensação destes estímulos é importante para
desencadear os reflexos nervosos que vão ativar a musculatura, melhorar o
equilíbrio, a postura e o desempenho funcional dos pés. Um dos problemas mais
freqüentes é o chamado pé plano (pé-chato), que causa dificuldades no movimento
da criança.
A criança tem tendência a formar o pé plano (é uma debilidade
dos músculos e dos ligamentos que unem os ossos sobre os quais se apóia todo o
corpo). Nas crianças os arcos plantares surgem por volta dos dois anos, mas
consideramos normal que surjam até os 3 anos de idade.
A partir desta
idade, dizemos que a criança tem pés planos da infância. Esperar que se
estabeleça a tendência defeituosa para depois se corrigir, exigirá muito mais
tempo; a prevenção é o caminho certo. Saltos e saltinhos prejudicam o
desenvolvimento dos pés e da coluna vertebral. Evite os bicos finos, principais
causadores de joanete e unha encravada. Com sapatos de solado plano, o peso do
corpo fica distribuído de maneira mais uniforme pela ondulada extensão do pé.
Com o salto alto, a pressão vai toda para o hálux, nome científico para
o popular dedão. O resultado pode vir em graus diversos. Cansaço e dor são os
mais costumeiros e fáceis de enfrentar.
Mas há até quem acabe sofrendo de
deformidades ósseas, como joanete ou de problemas na musculatura da coxa e na
curvatura lombar, sem falar nos riscos de queda, lesões dos ligamentos e
luxações no tornozelo, provocados pelo equilíbrio precário do andar nas alturas.
Mesmo os saltos femininos menores podem causar transtornos. Bem, os sapatos
podem ser os nossos aliados num tratamento podológico, ou podem acabar com toda
a nossa perícia e boa intenção em dar à pessoa o que existe de melhor em
cuidados com os pés.
Sapatos foram feitos para agasalhar, acariciar os
pés e jamais maltratá-los. Os calçados inadequados podem causar ou agravar
problemas já existentes.
3 - USO
DE MEIAS:
Quanto as meias, aconselho que as mude diariamente.
Meias de algodão podem ajudar a manter os pés secos, pois absorvem a umidade.
Meias de lã pesadas podem aumentar o suor. Se os pés suam muito, troque as meias
duas vezes ao dia. A meia deve ser aproximadamente 2 cm mais comprida que o
pé.
O ambiente quente e úmido dentro dos sapatos facilita e promove o
crescimento bacteriano e fúngico na pele e unhas dos pés. O odor resulta da
multiplicação desses organismos. O tratamento eficaz depende da eliminação
desses agentes infecciosos. Assim, as medidas de combate ao mau cheiro, como
carvão ativado e desodorante para os pés, não resolvem o problema, pois não
atingem sua causa primária.
4 - USO DE
TÊNIS:
Após praticar esporte, por exemplo, a maceração da
epiderme, com a decomposição de células epiteliais e substâncias orgânicas do
suor, além de provocar desagradável odor, vai causar irritação cutânea e
propiciar infecções, especialmente micoses, eczemas, pé-de-atleta e
onicomicoses.
A transpiração dos pés cria condições perfeitas para que os
fungos desenvolvam-se dentro do tênis, principalmente quando este acaba ficando
úmido e fechado no armário após os exercícios diários ou finais de semanas,
resultando em mau cheiro (chulé) que, mesmo sendo inconveniente, geralmente não
recebe muita atenção.
5
- PROCEDIMENTO:
Um grande número de problemas nas unhas
resulta do trauma e da compressão que se aplica sobre elas. Calçados muito
curtos ou apertados, com uso exagerado em pés e dedos deformados causam, sem
qualquer dúvida, lesões nas unhas.
As unhas são lâminas de queratina que
recobrem as falanges e se originam da matriz ungueal. Muitos recém-nascidos têm
unhas macias que se dobram e encurvam facilmente. Porém, elas não são
verdadeiramente encravadas porque não entram na carne.
As unhas do pé
crescem lentamente e são, de modo geral, muito moles. Não é preciso que fique
tão curtas, cortá-las uma ou duas vezes ao mês é suficiente. Seu crescimento é
contínuo, servindo como um elemento de proteção das pontas dos
dedos.
6 PODOPATIAS MAIS COMUNS NA
INFÂNCIA:
6.1 Verruga Plantar
São tumores
epidérmicos de origem virótica causados pelo vírus classificado como HPV -
Papiloma Vírus Humano. São agentes diminutos, contagiosos e invisíveis. A
Verruga Plantar geralmente acontece em crianças por não terem o sistema
imunológico completamente desenvolvido, localizando-se nas áreas de maior
pressão, apresentando-se amareladas, pouco salientes e tendo, à primeira vista,
um aspecto de calosidade (vulgo “olho de peixe”). Causam dor intensa,
prejudicando o apoio do pé e dificultando o caminhar, podendo apresentar-se em
um só pé, ou em ambos e, por vezes, em quantidades maiores do que uma. Conselhos
úteis para os pais: evitar freqüentar piscinas ou qualquer tipo de banho
público; as partes comprometidas não devem entrar em contato com outros tecidos
sadios, assim, deve-se evitar o contato da verruga com os dedos ou
mãos.
6.2 Pé de Atleta ou Frieira
É uma micose bastante comum, sendo que no verão, pelo calor e umidade,
há possibilidade de pioras ou recidivas. É mais comum no adulto, embora
se tenha notado um aumento na infância nos últimos anos, provavelmente
pelo uso de tênis e meias grossas que aumentam a sudorese e a maceração
dos pés.
As localizações mais comuns são as plantas dos pés e os espaços interdigitais
dos três últimos dedos, sendo menos comprometidas as dobras das unhas
e o dorso dos pés.
6.3 Bolhas
Acúmulo de fluído entre as camadas interna e externa da pele, devido
ao excesso de fricção, usa de calçados apertados, queimaduras ocasionadas
pelo frio, calor ou muito sol, doenças na pele, alergias e irritações
na pele provocadas por agentes químicos. Evite furar as bolhas, pois
isto aumenta a possibilidade de infecção. Não mexa na bolha por 24 horas
para permitir que seja curada por si só. Elas secarão e a pele se desprenderá
em uma a duas semanas. Enquanto isto, proteja a área colocando um anteparo
com uma abertura no centro, sobre a bolha.
6.4 Unha Encravada
Os pacientes infantis que nos procuram apresentam problemas de onicocriptose
(unha encravada), ocasionados geralmente devido ao Traumatismo ou Pressão.
O traumatismo é causado por tropeções, quedas de objetos sobre a unha,
corte incorreto da unha feito com tesouras ou alicates, causando lesões.
A pressão também ocasiona alguns problemas, pois quando é exercida por
meias (pequenas ou grossas), pressionam a pele das bordas ungueais,
e por calçados (quando justos, estreitos, ou de ponta fina), não só
exercem pressão sobre a pele, como também sobre a placa ungueal, resultando
na penetração de uma espícula (pedaço de unha) no tecido circunjacente.
Em geral, há infecção e formação de tecido de granulação exuberante
(granuloma piogênico ou carne esponjosa) avermelhada e dolorosa, que
é composta por pequenos vasos capilares que recobrem o sulco ungueal,
projetando-se sobre a lâmina ungueal. Essa granulação é muito sensível
e, quando tocada, rompe e sangra facilmente. Devemos proceder sem que
haja esforço para o desbastamento, propiciando, assim, menos risco de
ferimentos.
Atenção: A Legislação Brasileira não permite ao Podólogo
fazer cirurgias ou prescrever medicamentos injetáveis ou de uso interno.
Através da técnica denominada Espiculectomia (remoção da parte da unha
que está encravada), usando instrumentais adequados, o podólogo é capaz
de solucionar o problema facilmente.
6.5 Onicórtese
Na Podologia fazemos o uso de órteses para correção da lâmina ungueal
com curvatura acentuada ou encravada. A aplicação da órtese é indolor
e proporciona excelentes resultados, fazendo com que a lâmina deformada
volte ao formato normal. Em paciente infantil o melhor é aplicar a Fibra
de Memória Molecular, que é menos agressiva.
7 – ALERTA
Senhores pais, não cortem os cantos das unhas (lâmina ungueal), pois
assim estarão deformando e causando o encravamento das mesmas, sejam
precavidos, procurem um podólogo para orientação do corte da extremidade
distal da lâmina ungueal (onicotomia). Logo após o 1º mês do nascimento,
a prevenção é importante para o crescimento correto das unhas.
Cuidados especiais merecem as crianças com alguma patologia, e para
qualquer lesão devemos estar atentos para sinais de infecção no decorrer
do processo. As podopatias (doenças dos pés), quando tratadas
a tempo, são facilmente reprimidas por um tratamento especializado,
sob a orientação de um PODÓLOGO.
Para não ter complicações, procure consultar-se com um profissional
devidamente habilitado no exercício de suas atribuições. Esses registros
devem estar expostos em quadros afixados na parede, dentro do gabinete
podológico